A mudança de
paradigma é um esforço para tornar visível o invisível. Tem-se presente que a bioeconomia torna-se a lente capaz de
apontar novos caminhos, possibilitando novas interpretações para informações há
muito disponíveis. Nessa série de textos sobre bioeconomia e biodiversidade,
iremos tratar de diversos recursos naturais, hoje abordaremos o solo e o seu papel na promoção e
conservação da biodiversidade.
Nossos solos são a base da agricultura e o
meio em que, praticamente, todas as plantas crescem. Eles sustentam a
produção de alimentos, fibras e diversos outros produtos que fazem parte das
inúmeras cadeias de valor. Solos saudáveis produzem colheitas saudáveis
que, por sua vez, nutrem pessoas e animais. De fato, a qualidade do solo está diretamente ligada à
qualidade e quantidade dos alimentos.
Quando você
está cansado ou com fome não é tão produtivo, correto? Você pode precisar
descansar ou comer. Se você se esforçar demais, pode ficar doente. O solo também fica cansado e com fome.
Como os produtores sabem disso? Quando as áreas agrícolas não são tão produtivas. Talvez os rendimentos caiam e/ou doenças “infectem”
as plantas. O solo pode se tornar
muito compacto, pode faltar os nutrientes necessários para o cultivo de boas
colheitas, pode ser mais propenso a erosão ou ter outros problemas físicos. Mas
afinal, o que é o solo e qual a sua
importância na bioeconomia?
O solo não possui um tamanho único. Pode
parecer o mesmo sob os seus pés, porém, na lente de um microscópio essa
história é bem diferente. O solo é
um dos ecossistemas mais complexos
da natureza e um dos habitats mais
diversos da Terra: contém uma infinidade de diferentes organismos, que
interagem e contribuem para os ciclos globais que tornam toda a vida
possível.
É difícil ordenar
em grau de importância as diferentes funções do solo, uma vez que todas são vitais para o nosso bem-estar. A função
de dar base para a produção de alimentos e outros produtos, em todo o mundo,
torna-o fundamental para a preservação e o avanço da vida humana neste planeta.
O solo é a base para o crescimento das
plantas. Ele contribui para a manutenção da vegetação natural e plantada,
incluindo nossas diversas florestas, pastagens e a enorme variedade de espécies
que são cultivadas. Por meio do crescimento das plantas, o solo desempenha um
papel importante no apoio à biodiversidade.
A biodiversidade, ou diversidade biológica, é descrita como a
variabilidade entre organismos vivos de todas as fontes; terrestres, aquáticas
ou marinhas. Inclui a diversidade dentro das espécies (diversidade
genética), entre espécies (diversidade de organismos) e dos ecossistemas
(diversidade ecológica).
No caso do solo,
há uma biodiversidade de organismos. Esses organismos desempenham inúmeras
funções vitais no ecossistema que têm interações diretas com os sistemas
biológico, atmosférico e hidrológico. Eles são responsáveis pela ciclagem de
nutrientes, regulando a dinâmica da matéria orgânica do solo, sequestro de
carbono e emissões de gases de efeito estufa. As interações dos organismos do
solo, entre si e com plantas e animais, no ecossistema, formam uma teia
complexa de atividade ecológica chamada teia alimentar do solo. Essas funções e
interações constituem um recurso importante para o gerenciamento eficiente dos
sistemas agrícolas.
Outro componente importante do solo
é a matéria orgânica - o produto da decomposição biológica -, que está
relacionada as propriedades químicas e físicas do solo. Poderíamos falar que a
matéria orgânica afeta a saúde do solo. Sua composição e taxa de decomposição
afetam: a estrutura e porosidade do solo; a taxa de infiltração de água e
a capacidade de retenção de umidade; a diversidade e atividade biológica
dos organismos do solo; e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
As trocas de nutrientes entre
matéria orgânica, água e solo são essenciais para a fertilidade e precisam ser
mantidas para fins de produção. Quando o solo é explorado para a produção
agrícola sem restaurar a matéria orgânica e o teor de nutrientes, os ciclos de
nutrientes são interrompidos, a fertilidade do solo diminui e o equilíbrio no
agroecossistema é prejudicado. Assim, o solo é um aliado para a segurança alimentar e nutricional.
Portanto, como a
agricultura pode beneficiar a biodiversidade? Apesar do
progresso na produção de alimentos e fibras ocorrido nos últimos anos, com a
intensificação agrícola, fortemente impulsionada pelo aumento do uso de
fertilizantes e água para a irrigação, seria otimista assumir que essas
relações permanecerão lineares no futuro. São necessárias novas abordagens que
integrem os processos biológicos e ecológicos nos sistemas de produção.
Práticas eficientes, como, o sistema plantio direto, rotação e sucessão de culturas, integração lavoura pecuária, são exemplos de ações/manejos que possibilita garantir a saúde do solo e, ao mesmo tempo, maximizar a produtividade agrícola. Nesse caso, a adoção de uma abordagem bioecônomica, que leve em consideração a terra, a água e os recursos vivos (microorganismos), é vital para preservar e aumentar a biodiversidade - neste caso, a biodiversidade do solo. Assim, a bioeconomia, além de fornecer ferramentas para analisar o sistema solo, tem o potencial para contribuir com as práticas agronômicas, a fim de potencializar a biodiversidade e a produtividade.
Diante disso, já pensou nas oportunidades de negócios que a
manutenção da biodiversidade dos solos nos proporciona? A
bioeconomia pode se tornar uma fonte de renda adicional, suas teorias e
ferramentas são importantes no auxílio as diversas atividades de produção e
consumo.
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