segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Bioeconomia e biodiversidade: Os múltiplos papéis dos solos para a segurança alimentar



A mudança de paradigma é um esforço para tornar visível o invisível. Tem-se presente que a bioeconomia torna-se a lente capaz de apontar novos caminhos, possibilitando novas interpretações para informações há muito disponíveis. Nessa série de textos sobre bioeconomia e biodiversidade, iremos tratar de diversos recursos naturais, hoje abordaremos o solo e o seu papel na promoção e conservação da biodiversidade.  
Nossos solos são a base da agricultura e o meio em que, praticamente, todas as plantas crescem. Eles sustentam a produção de alimentos, fibras e diversos outros produtos que fazem parte das inúmeras cadeias de valor. Solos saudáveis ​​produzem colheitas saudáveis ​​que, por sua vez, nutrem pessoas e animais. De fato, a qualidade do solo está diretamente ligada à qualidade e quantidade dos alimentos. 
Quando você está cansado ou com fome não é tão produtivo, correto? Você pode precisar descansar ou comer. Se você se esforçar demais, pode ficar doente. O solo também fica cansado e com fome. Como os produtores sabem disso? Quando as áreas agrícolas não são tão produtivas. Talvez os rendimentos caiam e/ou doenças “infectem” as plantas. O solo pode se tornar muito compacto, pode faltar os nutrientes necessários para o cultivo de boas colheitas, pode ser mais propenso a erosão ou ter outros problemas físicos. Mas afinal, o que é o solo e qual a sua importância na bioeconomia?
O solo não possui um tamanho único. Pode parecer o mesmo sob os seus pés, porém, na lente de um microscópio essa história é bem diferente. O solo é um dos ecossistemas mais complexos da natureza e um dos habitats mais diversos da Terra: contém uma infinidade de diferentes organismos, que interagem e contribuem para os ciclos globais que tornam toda a vida possível. 
É difícil ordenar em grau de importância as diferentes funções do solo, uma vez que todas são vitais para o nosso bem-estar. A função de dar base para a produção de alimentos e outros produtos, em todo o mundo, torna-o fundamental para a preservação e o avanço da vida humana neste planeta.  








O solo é a base para o crescimento das plantas. Ele contribui para a manutenção da vegetação natural e plantada, incluindo nossas diversas florestas, pastagens e a enorme variedade de espécies que são cultivadas. Por meio do crescimento das plantas, o solo desempenha um papel importante no apoio à biodiversidade.
A biodiversidade, ou diversidade biológica, é descrita como a variabilidade entre organismos vivos de todas as fontes; terrestres, aquáticas ou marinhas. Inclui a diversidade dentro das espécies (diversidade genética), entre espécies (diversidade de organismos) e dos ecossistemas (diversidade ecológica).
No caso do solo, há uma biodiversidade de organismos. Esses organismos desempenham inúmeras funções vitais no ecossistema que têm interações diretas com os sistemas biológico, atmosférico e hidrológico. Eles são responsáveis pela ciclagem de nutrientes, regulando a dinâmica da matéria orgânica do solo, sequestro de carbono e emissões de gases de efeito estufa. As interações dos organismos do solo, entre si e com plantas e animais, no ecossistema, formam uma teia complexa de atividade ecológica chamada teia alimentar do solo. Essas funções e interações constituem um recurso importante para o gerenciamento eficiente dos sistemas agrícolas.
Outro componente importante do solo é a matéria orgânica - o produto da decomposição biológica -, que está relacionada as propriedades químicas e físicas do solo. Poderíamos falar que a matéria orgânica afeta a saúde do solo. Sua composição e taxa de decomposição afetam: a estrutura e porosidade do solo; a taxa de infiltração de água e a capacidade de retenção de umidade; a diversidade e atividade biológica dos organismos do solo; e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
As trocas de nutrientes entre matéria orgânica, água e solo são essenciais para a fertilidade e precisam ser mantidas para fins de produção. Quando o solo é explorado para a produção agrícola sem restaurar a matéria orgânica e o teor de nutrientes, os ciclos de nutrientes são interrompidos, a fertilidade do solo diminui e o equilíbrio no agroecossistema é prejudicado. Assim, o solo é um aliado para a segurança alimentar e nutricional.
Portanto, como a agricultura pode beneficiar a biodiversidade? Apesar do progresso na produção de alimentos e fibras ocorrido nos últimos anos, com a intensificação agrícola, fortemente impulsionada pelo aumento do uso de fertilizantes e água para a irrigação, seria otimista assumir que essas relações permanecerão lineares no futuro. São necessárias novas abordagens que integrem os processos biológicos e ecológicos nos sistemas de produção.
Práticas eficientes, como, o sistema plantio direto, rotação e sucessão de culturas, integração lavoura pecuária, são exemplos de ações/manejos que possibilita garantir a saúde do solo e, ao mesmo tempo, maximizar a produtividade agrícola. Nesse caso, a adoção de uma abordagem bioecônomica, que leve em consideração a terra, a água e os recursos vivos (microorganismos), é vital para preservar e aumentar a biodiversidade - neste caso, a biodiversidade do solo. Assim, a bioeconomia, além de fornecer ferramentas para analisar o sistema solo, tem o potencial para contribuir com as práticas agronômicas, a fim de potencializar a biodiversidade e a produtividade. 

Diante disso, já pensou nas oportunidades de negócios que a manutenção da biodiversidade dos solos nos proporciona? A bioeconomia pode se tornar uma fonte de renda adicional, suas teorias e ferramentas são importantes no auxílio as diversas atividades de produção e consumo.

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